2024 foi o melhor e o pior ano da minha vida
Eu não consegui fazer uma retrospectiva de 2024 - e acreditem, eu tentei - esse ano que pareceu ter durado meia década. O fato é que dezembro chegou, durou 70 dias, terminou e eu ainda não entendi tudo o que aconteceu ao longo dos últimos 12 meses.
Eu comecei o ano com uma crise depressiva fudida que quase ninguém percebeu. No meio dela estava me preparando para a seleção de mestrado e terminando a escrita do meu livro. Tudo isso me questionando se era capaz, se devia estar, se não tinha que me dedicar mais às minhas filhas. Passei na seleção, assinei contrato com a editora, comecei a colocar a cabeça pra fora e me sentir melhor e veio a enchente.
É impossível pensar em 2024 sem ser pela perspectiva da enchente. Todas as minhas certezas foram abaladas com ela. Meus pais tiveram que sair de casa, eu e minhas filhas ficamos longe do Diego por 10 dias, que pareceram meses. Vi o negócio da minha mãe, que sustentou nossa família por quase 30 anos, acabar debaixo d’água. Tudo ficou suspenso e movediço. Foi nestas condições, longe de casa, que termineide revisar o arquivo final do livro.
Há algum tempo circulou um post pelas redes sociais que dizia que às vezes as melhores coisas da sua vida vão acontecer enquanto seu emocional está uma paçoca esfarelada (acho que era isso, não tenho certeza). Esse ano foi exatamente assim. A enchente imprensou todos os compromissos do ano para o segundo semestre e coisas maravilhosas aconteceram no finalzinho do ano. Em outubro o lançamento do meu livro, em novembro apresentações de teatro no palco mais importante do estado e sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre bem no dia do meu aniversário. Coisas com as quais eu sonhei durante muito tempo se realizaram todas juntas, como em um grande season finale, quase mágico.
E o meu emocional? Bem… Com certeza estava melhor do que no início do ano, mas eu estava (ainda estou) cansada, querendo um tempo sem nada de incrível acontecendo, onde eu possa só tomar um chimarrão na praça, jogar meus joguinhos, ler um livro e assistir um podcast. Senti o burnoutinho cafungando no meu cangote e chorei algumas vezes de frustração por não estar aproveitando como eu achava que devia o “melhor momento da minha vida”
Mas finalmente 2024 passou, a folha do calendário virou e vem aí uma nova esperança de viver bons momentos em meio ao caos e de ser feliz nas brechas.
Indicação da quinzena:
Em meio ao recesso eu decidi que só vou ler por diversão, meu escolhido foi A Malta Indomável, do escritor brasileiro Ale Santos. É uma aventura afrofuturista, sequência do excelente O Último Ancestral.